Mato Grosso registrou 30.051 casos de dengue no primeiro semestre de 2022. Os números são alarmantes quando comparados aos 12 meses de 2021, período em que foram registrados 22.780. Já são 7.271 casos a mais que no ano passado, o que representa um aumento de quase 32% de aumento apenas em 6 meses.
Diante deste crescimento e com a chegada do período chuvoso, que favorece a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, o infectologista Luciano Correa Ribeiro faz um alerta em especial com relação às crianças devido ao risco de uma nova epidemia.
“O estado soma 18 mortes confirmadas por dengue neste ano, enquanto em 2021, houve apenas nove. Ou seja, o número de vítimas da doença em 2022 já subiu 100% em comparação ao período anterior. E ainda temos mais um fator, devido à fragilidade das crianças por conta da pandemia, existe um risco maior de termos mais infecções neste público. Já tivemos esse ano um surto de virose gripal que acometeu muitas no primeiro semestre”, afirmou.
O especialista explica ainda que os menores têm maior risco, tendo em vista o fato de poderem evoluir mais rapidamente para uma desidratação e consequentemente riscos de complicações de ordem cardiovasculares e pressóricas. “O segundo fator mais importante seria na vigência da febre. Neste caso, se já há suspeita da doença, é importante procurar um serviço de saúde para uma melhor avaliação sobre o grau de desidratação e o risco de sangramentos”, detalha.
Além disso, o médico ressalta que em Cuiabá, os números acompanham a realidade estadual. De 1° de janeiro a 9 de agosto, Cuiabá já registrou 815 casos de dengue. O número chega a ser 20% a mais do que os notificados durante todo o ano de 2021, quando foram contabilizados 677. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT), que diz ainda que, em relação à Chikungunya, foram 302 casos notificados, além de 142 de Zika vírus, no primeiro semestre de 2022.
A maior concentração está no bairro Pedra 90, segundo dados do boletim Secretaria Municipal de Saúde. Dos 238 bairros cadastrados no sistema de informação (Sinan), 175 bairros tiveram casos de dengue, 127, de Chikungunya, e 92, de Zika vírus.
A pesquisa revela ainda que dos casos notificados em Cuiabá, a grande maioria foi em pacientes do sexo feminino e mais de 50% dos casos estão na faixa etária entre 20 e 49 anos. Os dados das SES mostram também que entre as cidades com alto risco para a doença estão Água Boa, Sinop, Juara, Colíder, Barra do Garças, Tangará da Serra, Alta Floresta, Canarana, Cocalinho e Nova Nazaré.
O especialista aponta que a principal proteção contra as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti é não permitir a proliferação do transmissor. Para evitar isso é preciso acabar com os focos de água parada, que em 70% dos casos ficam dentro das residências.
“O mosquito transmissor da dengue, Zika e Chikungunya vive e se reproduz dentro e ao redor das casas. Fazendo a limpeza dos criadouros ao menos uma vez na semana, isto já interfere no desenvolvimento do vetor, já que seu ciclo de vida, do ovo ao tamanho adulto, leva de 7 a 10 dias. Com uma ação semanal, é possível impedir que ovos, larvas e pupas cheguem à fase adulta, freando a transmissão dessas doenças”, explica.
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