O avanço do desmatamento com a perda de cobertura florestal em áreas protegidas já coloca em risco as populações de primatas, é o que alertam pesquisadores do Brasil e do exterior.
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O tema foi um dos assuntos discutidos durante o XIX Congresso Brasileiro de Primatologia, iniciado em Sinop (MT) neste final de semana. Entre os riscos do aumento de áreas desmatadas está o da extinção de espécies, incluindo algumas já classificadas como raras.
Pesquisador do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (CONICET) da Argentina, Martin Kowalewski, apontou o desmatamento como a principal ameaça para as populações de primatas no Brasil.
Segundo ele, é notório que o avanço do agronegócio no país tem contribuído não só com o aumento de incêndios florestais para dar lugar a plantações e pastagens, como também a dificuldade em punir os responsáveis por estes crimes.
“Sabemos que os incêndios nestas áreas não são naturais. A perda de um macaco reflete na perda do equilíbrio e resiliência ecológicos. Os ecossistemas não estão fortes para resistir ao desmatamento. Os primatas são importantes para toda a cadeia alimentar em áreas florestais e já temos espécies desaparecendo, seja pelo desmatamento, doenças, contato com pessoas e animais domésticos, dentre outros motivos. Temos que respeitar a vida, os animais e as pessoas e lutar pela preservação de cada espécie.”
Integrante do Instituto Ecótono, que compõe o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), a pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Sinop, Christine Steiner São Bernardo, abordou a ameaça aos primatas frente às mudanças climáticas no estado. Demonstrando as alterações em territórios nos últimos anos, ela ressaltou que enquanto na década de 70, em Mato Grosso, havia grandes
áreas florestais, atualmente há poucas, incluindo unidades de conservação.
Entre as causas estão o avanço de monoculturas, como a soja; grilagens; construção de hidrelétricas; abertura de pastagens, além do desmatamento.
“A partir dos incêndios de 2020, fizemos um inventário de primatas ameaçados por estas queimadas nos trechos de florestas às margens do rio Teles Pires e o cenário encontrado nas matas é de muitas áreas de secas e queimadas. Porém, destaca-se também a importante atuação de assentamentos rurais com diversas iniciativas que tentam contribuir com a preservação destas espécies.”
Localizado ao norte de Mato Grosso, o Território Indígena do Xingu é uma das seis áreas do “arco do desmatamento” analisada pelo Projeto Impactos de Incêndios Florestais sobre Primatas em Áreas Protegidas da Amazônia (PIFAM), do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes (ICMBio). O pesquisador Leandro Jerusalinsky apresentou alguns dos dados prévios do estudo que no caso da terra indígena mostram uma alta na concentração de incêndios na época de seca, tanto dentro da área protegida, como no entorno. Para 2023, estão previstas novas expedições ao Xingu para ampliar os estudos e verificar dados identificados pelo monitoramento de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Recuperação
Professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), José Rímoli, chamou a atenção para a forte incidência de queimadas no Pantanal, fazendo com que o fogo praticamente seja “parte da paisagem” do bioma.
Ele apresentou dados de sua pesquisa sobre a perda acumulada de vegetação no Pantanal em 2020, considerado o ano mais trágico para a região, com 23 mil km 2 de áreas queimadas. O pesquisador destacou ainda a importância da proteção de unidades de conservação para a segurança de primatas e mostrou algumas das espécies que já se encontram em extinção no Pantanal.
“O fogo chegou a quase 93% da área do Pantanal, o que representou cerca de 9,5 mil macacos pregos atingidos direta e indiretamente pelas queimadas. É necessário investir em medidas como o monitoramento das áreas, brigadas de bombeiros, programas de educação ambiental, políticas do uso do fogo, além da implantação de centros de resgate e reabilitação de vida selvagem dentro do Pantanal. Em Mato Grosso do Sul, existe apenas um, onde a taxa de retorno à natureza das espécies animais afetadas chega a 70%. Aqui em Mato Grosso, não tem”, argumentou.
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