O secretário de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, Cláudio Abrantes , confirmou que a Sala Martins Pena , a primeira a ser reformada dentro da revitalização do Teatro Nacional Claudio Santoro, será reaberta até o fim deste ano.
Durante entrevista exclusiva ao GPS|Brasília , o integrante do primeiro escalão do governo Ibaneis Rocha (MDB) garantiu que o espaço, o qual marcou a memória dos brasilienses, voltará a receber espetáculos até dezembro de 2024, caso o cronograma se confirme e continue sendo cumprido.
Além disso, a pasta programa liberar o edital para a reconstrução da Villa-Lobos, o principal espaço do cartão postal brasiliense, e que será lançado em logo após a reinauguração, a pedido do titular do Palácio do Buriti.
“Com o MPDFT, estamos acompanhando de perto as obras e já é possível ver a transformação do espaço. A reabertura da Sala Martins Pena será um marco para a cultura do DF”, destacou.
Segundo Abrantes, a primeira etapa da reforma está recebendo investimentos de R$ 70 milhões e é financiada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), sob comando da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Por questões de segurança, o teatro acabou sendo fechado pelo Corpo de Bombeiros em 2014, após o incêndio trágico da Boate Kiss , em Santa Maria (RS), onde a a ocorrência tirou a vida de 242 pessoas e feriu outros 636 presentes.
“O Teatro Nacional é um dos maiores equipamentos culturais do nosso País. O local tem 500 mil metros quadrados para receber as arte e cultura de nossa cidade e o fato de ter ficado tanto tempo fechado acabou causando sérios danos de manutenção”, pontuou.
Assista ao vídeo:
Avanços
Durante a conversa, Cláudio Abrantes fez um balanço de ações durante um ano à frente da secretaria, uma vez que o GPS|Brasília foi o primeiro portal para quem o secretário concedeu entrevista logo após ter aceitado o convite do governador para liderar a importante área.
“A cultura tem uma dinâmica muito forte, é intensa e exige total dedicação. Estamos trabalhando duro para fortalecer a cultura no DF e promover a inclusão e diversidade em todas as nossas ações”, afirmou o secretário.
Além da reabertura do Teatro Nacional, o secretário de Cultura mencionou outros projetos e ações realizados pela pasta, como a melhoria e a ampliação da Lei de Acesso à Cultura (LIC), já que, atualmente, o benefício ainda não consegue contemplar todos os interessados. O benefício reverte impostos de patrocinadores em repasses para espetáculos artísticos.
“Assim, sendo bem franco, 100% não [é possível contemplar]. Hoje, a gente opera com 20% da capacidade total da LIC. Por isso que eu digo que ela [a lei] não contempla a todos. A LIC tem uma potencialidade gigante. E o nosso desafio hoje é sensibilizar setores do governo para que entendam que a lei incentiva a cultura e ela pode ser um divisor de águas também, junto com outras ferramentas, na cultura do Distrito Federal”, disse.
Cine Brasília
Outro ponto destacado por Cláudio Abrantes foi a confirmação da co-gestão do Cine Brasília, um dos maiores cinemas públicos de rua e ainda em funcionamento no País.
O secretário lembrou que a decisão de colocar uma instituição para administrar o espaço deu mais agilidade na ocupação do local, o qual é histórico na cidade e que sedia anualmente o Festival de Cinema de Brasília.
“A gente fez um contrato de cogestão, uma parceria, mediante também um edital público, quando várias entidades concorreram e numa disputa ferrenha. O projeto que ganhou foi reconhecido com uma pequena porcentagem e está lá gerindo o Cine Brasília. Uma pauta que mantém as características do Cine Brasília, de ser um espaço de resistência, de debate, um ícone da cidade, que discute o cinema brasileiro, mas que também abre espaço para outras questões… Agora mesmo, nós estamos em um período de férias, e então a gente tem filmes lá do circuito mais comercial”, frisou.
A entrevista com o secretário também abordou questões polêmicas, como as mudanças aprovadas no novo PPCub , o plano que tem como objetivo “preservar” o Conjunto Urbanístico da capital.
Abrantes ressaltou a importância de preservar Brasília como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 1989, e destacou a participação da Secretaria de Cultura no processo de construção do texto.
“A Secretaria de Cultura faz parte do Conplan [Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal] e ela participou da Câmara Técnica, então a gente viu o esforço da Secretaria de Habitação (Seduh) para elaborar um PPCub completo. Um PPCub ruim tem que ser corrigido, mas a ausência de um PPCub também não é boa, porque ficamos sem regra alguma. Nossos representantes fizeram uma série de recomendações, tanto para a Seduh quanto para a Câmara Legislativa. Eram proposições de ajuda para o PPCub, já que este trata do nosso maior patrimônio: é Brasília nos seus traços, nas suas escalas. Por conta disso, Brasília foi eleita recentemente a melhor qualidade de vida das capitais e a segunda melhor qualidade de vida do País entre os municípios”, explicou.
Ainda segundo Cláudio Abrantes, o reconhecimento da qualidade de vida e Brasília é fruto da preservação da ideia que foi retirada do papel por nossos antepassados, os pioneiros da capital.
“É importante que a gente faça um filtro do que veio da Câmara Legislativa. O que for bom, penso que tem que ser assimilado; o que for ruim, nesses casos, tem que ter um filtro e acredito que o governador fará os vetos necessários para manter Brasília como Patrimônio Cultural da Humanidade, já que isso é um título muito importante. Creio que algo que a gente precise pensar no futuro seria um comitê gestor abrangente para sempre estar pensando na preservação deste nosso plano urbanístico de Brasília. A cidade é dinâmica, tem que crescer, se modernizar. Mas sempre com o olhar também de que o diferencial de Brasília é esse traçado, essas escalas e a nossa qualidade de vida”, finalizou.
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Fonte: Nacional
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