Indígenas da etnia Xavante, que vivem na região de Sangradouro, no Mato Grosso, mudaram a realidade de sua aldeia por meio da produção agrícola. O uso econômico e sustentável da terra rendeu para os Xavantes mato-grossenses uma colheita de 106 toneladas de arroz em 2021, trazendo diversos benefícios para a comunidade, como a garantia da segurança alimentar das famílias e a geração de renda na aldeia.
A conquista foi possível graças ao investimento de R$ 13 milhões feito pelo Governo Federal em etnodesenvolvimento em MT, nos últimos três anos. Os valores superam em 88% o total investido entre os anos de 2016 e 2018, cujo aporte ficou em R$ 6,9 milhões.
A média de investimento no Estado foi maior do que a nacional, que ficou em 72%, ao saltar de R$ 24 milhões para R$ 41,3 milhões, durante o mesmo período.
Produção sustentável
O Projeto Independência Indígena, por exemplo, busca incentivar a produção sustentável em comunidades indígenas do Mato Grosso e é uma das ações que recebe o apoio do Governo Federal.
Os recursos são destinados ao fortalecimento de atividades de agricultura, piscicultura, roças de subsistência, confecção de artesanato, casas de farinha, entre outros.
O incentivo permite a aquisição de materiais, insumos e ferramentas, bem como apoio para o escoamento da produção e realização de cursos de capacitação para os indígenas.
Já as etnias Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki, das Terras Indígenas Utiariti e Paresi trabalham com a produção de grãos que chega a movimentar cerca de R$ 140 milhões ao ano.
O trabalho resulta não só na geração de renda, mas também no aumento de vagas de trabalho, no acesso à educação e, principalmente, no fortalecimento cultural. Aproximadamente 3 mil indígenas são diretamente beneficiados com estas atividades.
Autonomia e autossuficiência
Além disso, o incentivo para a produção nessas terras é feito de forma consciente. Os produtores da etnia Xavante plantaram apenas 50 hectares do alimento, num território que possui mais de 100 mil hectares.
Em relação aos indígenas Haliti-Paresi, Nambikwara e Manoki, as lavouras cultivadas ocupam cerca de 20 mil hectares de um total de 1,3 milhão de hectares, ou seja, apenas 1,7% do espaço é utilizado na atividade agrícola.
O fomento do uso destas terras indígenas de forma sustentável vem refletindo na realidade das aldeias, criando um ambiente de autonomia e autossuficiência.
Por meio do etnodesenvolvimento, é possível aliar geração de renda e sustentabilidade, fazendo com que os indígenas tenham, de fato, protagonismo nas suas decisões, sem intermediários e com respeito à autonomia da vontade de cada etnia.
DEIXE O SEU COMENTÁRIO