Na manhã de terça-feira (12), a Polícia Civil lançou a “Operação Gravatas” com o intuito de dissipar uma organização criminosa atuante em Cuiabá e Sinop. A operação resultou no cumprimento de 16 mandados, incluindo prisões preventivas e buscas e apreensões, visando quatro advogados, um policial militar e três líderes faccionados, estes últimos já reclusos no sistema prisional.
A investigação, conduzida pela Delegacia de Tapurah, revelou a formação de uma rede criminosa com a colaboração direta dos advogados e do policial militar. Os advogados, segundo os documentos da investigação, que ultrapassam mil páginas, tinham funções específicas dentro da organização, operando como o braço jurídico do grupo.
De acordo com o delegado Guilherme Pompeo, esta associação não se enquadra na defesa legal constitucional, mas representa uma parceria voluntária com fins criminosos. “Os juristas se associaram voluntariamente à organização criminosa, agindo fora da lei e contrariando os princípios éticos de sua profissão”, afirmou Pompeo.
Foi identificado que os advogados participaram de ações além de suas funções jurídicas, obstruindo investigações policiais, repassando informações sobre operações policiais em tempo real e até auxiliando em crimes severos como tortura e levantamento de informações sobre vítimas. Um dos advogados facilitou ainda a comunicação entre os líderes presos da facção e seus membros em liberdade.
Contribuindo para a operação criminosa, um policial militar de Sinop foi flagrado enviando boletins de ocorrência aos advogados, que por sua vez eram repassados aos chefes da facção. Essas informações permitiam que o grupo mantivesse controle sobre o tráfico de drogas, estando a par das atividades da Polícia Civil e Militar. “O acesso indevido a esses dados coloca em risco a segurança de policiais e testemunhas”, ressaltou Pompeo.
Uma análise das ações legais do grupo nos últimos dois anos revelou que um dos advogados de Sinop representou 205 clientes, dos quais 168 estavam ligados à facção e envolvidos em crimes como tráfico, roubos e homicídios.
Durante a operação, cerca de R$ 100 mil foram apreendidos na residência de uma das advogadas em Sinop. As ordens judiciais contra os advogados foram executadas sob supervisão do Tribunal de Prerrogativas da OAB-MT.
A “Operação Gravatas” marca um importante passo na luta contra o crime organizado, demonstrando o compromisso das autoridades em desarticular redes criminosas, independentemente da posição ou profissão de seus membros.
DEIXE O SEU COMENTÁRIO