Masoud Pezeshkian, o único candidato reformista do Irã na última eleição presidencial, tornou-se o nono presidente da república islâmica. Pezeshkian, de 69 anos, obteve cerca de 53,6% dos votos no segundo turno contra o ultraconservador Saeed Jalili.
No primeiro turno das eleições antecipadas do Irã, em 28 de junho, Pezeshkian liderou as pesquisas contra três outras figuras conservadoras, surpreendendo tanto apoiadores quanto rivais.
A vitória de Pezeshkian aumentou as esperanças dos reformistas do Irã após anos de domínio dos campos conservador e ultraconservador.
Ele substituirá o falecido presidente ultraconservador Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero em maio.
“O difícil caminho à frente não será tranquilo, exceto com sua companhia, empatia e confiança. Eu estendo minha mão a você”, disse Pezeshkian em uma publicação no X, após dizer na terça-feira que “estenderia a mão da amizade a todos” se vencesse.
Antes das eleições, a principal coalizão reformista do Irã apoiou Pezeshkian, com os ex-presidentes Mohammad Khatami e o moderado Hassan Rouhani declarando apoio à sua candidatura.
Pezeshkian assume a presidência em meio a tensões regionais crescentes sobre a guerra de Gaza, uma disputa com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã e descontentamento interno sobre o estado da economia iraniana afetada pelas sanções.
‘Fora do isolamento’
O franco cirurgião cardíaco criticou publicamente o governo Raisi pela forma como lidou com a morte sob custódia da curda iraniana Mahsa Amini, que havia sido presa por supostamente violar o rigoroso código de vestimenta para mulheres da república islâmica.
Em uma publicação no Twitter, agora conhecido como X, na época, ele pediu às autoridades que “montassem uma equipe de investigação” para apurar as circunstâncias por trás da morte dela.
Em campanhas recentes, ele manteve sua posição, criticando a aplicação das leis obrigatórias do hijab, que exigem que as mulheres cubram a cabeça e o pescoço em público, desde logo após a revolução islâmica de 1979.
“Nós nos opomos a qualquer comportamento violento e desumano contra qualquer pessoa, especialmente nossas irmãs e filhas, e não permitiremos que essas ações aconteçam”, disse ele.
Ele também prometeu aliviar as restrições à internet e envolver minorias étnicas em seu governo.
Quem é Pezeshkian
Pezeshkian nasceu em 1954, filho de pai iraniano de origem turca e mãe curda, na cidade de Mahabad, na província noroeste do Azerbaijão Ocidental.
Ele representa Tabriz no parlamento do Irã desde 2008, atuou como ministro da Saúde no governo de Khatami e supervisionou o envio de equipes médicas para a frente de guerra durante o conflito Irã-Iraque entre 1980 e 1988.
Em 1993, Pezeshkian perdeu sua esposa e um de seus filhos em um acidente de carro. Ele nunca se casou novamente e criou seus três filhos restantes — dois meninos e uma menina — sozinho.
Fazendo campanha em nome de Pezeshkian estava Mohammad Javad Zarif, o combativo ex-ministro das Relações Exteriores do Irã que ajudou a garantir o histórico acordo nuclear de 2015 com potências mundiais, que fracassou três anos depois.
Pezeshkian pediu a retomada do acordo — que buscava coibir a atividade nuclear de Teerã em troca do alívio das sanções — para tirar o Irã “do isolamento”.
“Se conseguirmos suspender as sanções, as pessoas terão uma vida mais fácil, enquanto a continuação das sanções significa tornar a vida das pessoas miserável”, disse ele durante uma entrevista televisionada.
Pezeshkian será responsável por aplicar a política de estado definida pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, que exerce autoridade máxima no país.
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Fonte: Internacional
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